domingo, 22 de julho de 2007

Assalto a Montejunto


Este Sábado fui conhecer Montejunto Novo, a tribo (eu, o André Pires, os irmãos André e Bruno Santos e Johny de Benfica) decidiu tomar o castelo de Montejunto através das novas muralhas construídas por várias pessoas estando o meu pai (o Emílio, ou não existiriam vias como "A histérica e o vibrador") envolvido ainda eu era uma criança "para aí com uns 5 aninhos" segunto conta-me El Rei Don André, a quem o Italiano ofereceu um colar de expressos e se ajoelhou a rezar a meio da tarde prestando vassalagem ao seu rei. he he he
De um lado encontrava-se o rei Eolo protegido pelos deuses Zefiro, Euro e Noto dos ventos; do outro, nós, jovens guerreiros liderados por El Rei Don André decididos a tomar o castelo a pulso, dedos, pés de gato, dentes, amendoins, tudo.
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photo by Cláudia Cruz

(André Pires a experimentar "A histérica e o Vibrador" - 8a)

A um determinado momento dei-me por derrotada pelo vento e frio pois o polar e o penas já não me bastavam e decidi juntamente com o Johny disponibilizar as forças que ainda tinhamos a construir um bunker para receber os feridos quando faziam pausa.

photo by Cláudia Cruz
(Johny a esconder-se do frio)

Mas depois... eis, se não quando... aparece El Rei Don André a motivar as suas tropas demonstrando ser um governante dedicado (por já me conhecer de outras epopeias e saber exactamente como me motivar com reforços positivos). Quando dei por mim tinha encadeado 4 vias diferentes, sem descançar.

Devo confessar que a sensação de ir à frente ainda me assusta seja qual for o nivel, piora se fôr à vista e os expressos não estiverem lá para caso me veja aflita os agarrar, mas o supra-sumo de tudo foi ainda por cima levar só 2 e mais tarde 3 expressos comigo quando as vias tinham o dobro das plaquetes. Umas saltei, outras destrepei para tirar o expresso anterior e voltei a subir... e assim encadiei 4 vias de seguida em que só descansei enquanto El Rei dizia "Vá desencorda-te, puxa a corda da via que fizeste e volta a encordar-te."


Independentemente dos graus das vias senti-me realizada. Na última ainda me passou pela cabeça desistir mas lá agarrei de direita num áplate lateral e fiz pé esquerdo à mão e subi sem a mão esquerda... muuuuito medinhooo! Pois o expresso já não estava perto dos meus pés. Depois de fazer o passo lá agarrei num monodedo com a esquerda e quando dou por mim tinha de ir para a esquerda mas não conseguia trocar nem cruzar as mãos, a parede era lisa. No meio disto tudo ainda me dei ao trabalho de respirar fundo e falar com o anão lá do sitio (que são aqueles bacanos que quando achas que os pés te escorregaram ou o lançamento ao áplate era pêra doce, por já teres trabalhado tantas vezes o movimento, mas não ficas lá... foi o anão que te puxou os pés ou empurrou, de certeza). De nada valeu falar com o raio do anão, ele estava mesmo a divertir-se às minhas custas. O pior de tudo é que devido ao esforço do passo anterior as pernas tremiam como o anorético (cana de meter os expressos). O único expresso que tinha estava no lado errado do arnês e não conseguia manter um equilibrio decente para ter tempo de tirar esse expresso. Ainda pensei "Vá Cláudia, é psicológico, já estás no final da via mas apesar de só teres um expresso metido, bem lá em baixo, ele aguenta uma queda e é limpa. Na boa! Vá, se fosses alguém da malta forte com que andaste a escalar nestes últimos meses tu conseguias arranjar uma rugosidade mitrada para trocar as mãos. Procura. Sangue frio!" E assim foi. Procurei... mas nada! Apesar do raio do anão achar que tinha vencido pois era a primeira vez que fazia 2 passos seguidos que não conseguia destrepar. Quando dei por mim, estava a dizer um "fooodasse, merda!" decidido como nunca disse em toda a minha vida e meti de lado a ideia de ir para a esquerda e fiz corta-mato e atirei-me para cima para o que me parecia ser uma reglete que afinal era um puxador que só se via de cima e ai chapei como se tivesse todo o tempo do mundo, tal era o alívio.


Cá para mim devo estar a passar pela fase do Sanção. Desde que fiz as 3 rastas que ando a enfrentar o medo de vertigens. Quanto a cair, já faltou mais tenho é de continuar a escalar coisas que não possa destrepar, assim tenho só 2 alternativas: ou subo, ou caio e o assunto fica resolvido! Não vale apena forçar as quedas, elas acontecerão naturalmente :)


photo by André Santos
(Eu a descançar enquanto faço segurança)


Bem, estou farta de escrever acerca de mim, mas é que estou mesmo muito contente com os progressos (nem a via que fiz antes destas 4 em que não consegui subir até lá cima, apesar das várias tentativas, não pensei em ir em top e resolvi um passo que tinha medo) gostava que a malta que não escala graus considerados não se sentisse sozinha como eu me sinto e que saibam que existem mais escaladores que têm as mesmas dificuldades e sofrem e lutam por as ultrapassar sentindo-as bem no pêlo.

Pelo meio disto tudo, o Johny experimentou a Ultrapassagem Perigosa e apesar de não ser o nivel dele, agora já sabe ao que sabe um 7a+, o que é de louvar o seu esforço e ter conseguido chegar ao top! Os Andrés estiveram no seu melhor, como sempre, e o Bruno que não escala assim à tanto tempo, acho que devia dedicar-se à escalada e deixar o surf para os tempos livres he he he, fiquei espantada com a evolução a olhos visto que tem feito.



photo by Cláudia Cruz
(Bruno Santos)



photo by Cláudia Cruz
(André Santos)

1 comentário:

Anónimo disse...

Essa parte que o italiano pôs o colar, ajoelhou e rezou não é o que parece.

Esteve bem bem, mas a sra Cláudia é que tem de começar a escalar por iniciativa própria e sem ser obrigada ou voltámos ao tempo da escravatura?

Continua! Tens jeito.

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PS - Essa 1ª foto andas-lhe a dar no fotoshop.