sábado, 1 de setembro de 2007

Rafting, Escalada, Astronomia e... mais escalada!

Desde 2005, em que comecei a escalar amadoramente, pensei que podia ser desta que iria fazer a minha primeira rocktrip a Espanha... puro engano! Tive de tratar da compra da carrinha, uma Citroen Berlingo, para as futuras rocktrips, e lá se foi a viagem de desportiva para Rodellar ou de bloco para Hoya-Moros :(

Apesar de ter passado a semana em casa, a tratar de papeladas para trazer a minha menina para casa e fazer 1001 planos para o estrado para se poder dormir lá com um crash-pad, no fds pude vingar-me com a ajuda do Pedro Mendes.

Tudo começou no Rocódromo, conversa puxa conversa, contei das férias furadas e do desejo de ir ao Gerês desde que fui fazer bloco lá perto em Nossa Senhora do Livramento...

O Mendes entretanto telefonou ao Pedro Lima, que tem a loja
Xplora em Braga (de escalada, montanhismo, expedições, etc ), a perguntar o que se fazia lá para cima e acabou-se por combinar que ia-mos ter com ele a Melgaço fazer-lhe companhia num Rafting que descia o Rio Minho organizado pela Escola de Rafting Atlântico.

O Rafting teve inicio na Barragem da Frieira, depois do nosso monitor, o Guilherme, ter-nos dado algumas luzes sobre possiveis eventualidades de alguém cair fora de bordo, técnicas de remar em diferentes situações, etc.

Foi espectacular!!! A adrenalina a subir quando se está a entrar nas águas bravas, o monitor a gritar:
-Os da direita, remem para trás... os da esquerda para a frente! Fooooorça! Vá, não podem desistir agora! Agora todos para a freeeente!... já podem descançar.


in site Escola de Rafting Atlântico


Quando acabámos tivemos direito a umas belas sandes de presunto para repôr a energia e enquanto uns ficaram para continuar algumas actividades como o tiro ao arco, nós descemos para o Gerês com as indicações do Pedro Lima, para eu conhecer a famosa Meadinha.

Infelizmente não tive lá muito tempo, mas a visita relâmpago só veio alimentar ainda mais a minha vontade de ir lá acampar para conhecer o parque natural com as suas lagoas de água cristalina, embrenhar-me nos bosques e fazer bloco.

Não tenho experiência mas até hoje foi o granito que mais gostei. É mais granulado que o de Sintra com cratons enormes onde cabem 2 a 3 dedos, muito aderente com diedros e fissuras para clássica. Como estou a passar uma fase em que ando um bocadinho desmotivada devido à parte psicologica, este tipo de rocha com protecções bem arejadas logo a partir da primeira chapa não será o melhor, porque pensa-se sempre numa queda à moda do ralador de queijos, mas na brincadeira ainda me empoleirei num bloco a caminho do penedo e tentei fazer uma travessia com pés de gato todo-o-terreno e realmente a rocha é mesmo boa com rugosidades enormes. Aquilo é muito fácil... eu é que não sei escalar! He he he



Lá para o fim da tarde, continuámos a descer no mapa em direcção a Constância para a inauguração do observatório solar inserido na "Astofesta 2007". Pelo caminho ainda podemos desfrutar da companhia de uma excursão auto-denominada “Convívio dos homens unidos nos garrafões” durante o jantar :)

by Pedro Mendes


Foram as 24h mais preenchidas e originais que tive até hoje. Chegados à AstroFesta foi montar as tendas num parque que a organização da Ciência Viva disponibilizou para os visitantes e procurar telescópios focados na Via Láctea, Plêiades, M13 (o triângulo de verão formado pelas constelações Águia, Cisne e Lira), a famosa Cassiopeia e a constelação mais hilariante da noite que ganhou por unanemidade (só eu é que votei) foi o Cabide.
- Cabide!?- perguntam-me.
Exactamente essa foi a resposta desiludida de uma criança curiosa que estava à espera de uma resposta inteligente e um nome dificil de pronúnciar ou de influências matemáticas do dono de um telescópio. Contado não tem graça, era preciso estar lá e ver a cara do puto.


by NFist


Mas o mais interessante de tudo foi a palestra leccionada por um catedratico muito castiço sobre o atraso (tempo) que a luz sofre até chegar a nós (espaço que tem a percorrer), referente a muitas das estrelas que observamos no céu que já não existem à milhões de anos. Seguindo a mesma lógica, foram dados vários exemplos aplicados ao dia a dia. Vá não pode ser só escalada, um bocadinho de cóooooltura inútil (daquela que quem me conhece sabe que gosto) também faz falta. Então pensem lá comigo:
- A lua está a 380 000 km da terra e a imagem que temos dela (a luz) demora pouco mais que 1segundo a chegar à terra. Ou seja, vemos a lua com um atraso no tempo, a lua que vemos é do passado.

Seguindo a mesma lógica um assegurador quando está a ver o seu companheiro de cordada a escalar, vendo-o a fazer o movimento do crux, não está a ver o presente mas sim o passado, pois a imagem que lhe chega à retina tem um atraso de 1 nanosegundo. Por outras palavras, muita atenção e reflexos rápidos, nunca se sabe se o escalador está a cair no presente visto só o vermos no passado ;)

Filosofias e Física (excepto a da força da gravidade) à parte, no dia a seguir lá rumámos a Tomar para escalar em Nossa Senhora das Lapas. Só lá tinha ido uma vez, no segundo dia do Encontro de Poio D'Aire, mas nem fui muito má guia (coff... coff...).




O calcário de Nª Srª das Lapas, como já podem ter lido no fórum do HaVista, foi equipada pelo Zé Almeida. São mais de 29 vias curtas, talvez uns 15m, que exigem dedos fortes e há para todos os gostos com chorreiras, aplats, monodedos, buracões, regletes, tectos, etc. Quanto às cotações, pessoalmente, acho que fazem falta vias de menor grau, mas mesmo para quem não escale muito dá sempre para desfrutar e vale apena ir!


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